Por Jéssica Maldonado — Rio de Janeiro
O estafe do meia-atacante Bitello, que negocia com o Botafogo e outros clubes, negou “desaparecimento” após uma nota enviada pelo Dínamo Moscou aos 20 clubes da Série A nesta sexta-feira. Os russos alegaram que o jogador permaneceu no Brasil na intenção de negociar sua saída. Em resposta endereçada ao Dínamo, a equipe de Bitello, liderada pelo empresário Maickel Portela, também pediu uma retratação do clube perante a imprensa – especialmente a brasileira – “a fim de lidar com a realidade dos fatos”.
A resposta à notificação do Dínamo foi endereçada ao escritório do clube, assim como ao CEO Pavel Pivovarov (que assinou a carta endereçada aos clubes da Série A) e ao diretor geral Dmitry Gafin. Bitello, por sua vez, vai viajar nesta sexta-feira para Doha, no Catar, para se unir ao elenco do Dínamo em um período de treinos.
– O interesse de grandes instituições do futebol global em negociar os direitos do jogador é de conhecimento geral de todas as partes. Além disso, o jogador e seu agente já receberam numerosas respostas do Dínamo a diversas propostas enviadas ao Dínamo, do agente ou de representantes oficiais de clubes interessados – diz trecho da resposta enviada pelo estafe de Bitello, que segue:
– (…) Lamentamos profundamente esta atitude, que será abordada em sua esfera própria. Enquanto agente licenciado FIFA representando o atleta sob um contrato de representação, e com total conhecimento do clube contratante, o agente tem o poder e o direito de iniciar negociação a fim de encontrar as melhores ofertas para seu cliente.
Gafin, por sua vez, respondeu ao agente Maickel Portela reiterando a importância de Bitello para o Dínamo. O diretor também ofereceu uma reunião entre as partes em busca de “soluções mutuamente benéficas” para o clube russo e o jogador. A tendência é que este encontro destrave as negociações, servindo como forma de amenizar a tensão atual.
A negociação entre Bitello e o Botafogo esfriou nesta quinta-feira, quando terminou o prazo dado ao Alvinegro para finalizar o negócio. O clube carioca possuía divergências sobre o valor de entrada: o Dínamo Moscou pediu 10 milhões de euros, mais da metade do valor integral da operação de 18 milhões de euros (cerca de R$ 110,8 milhões, na cotação atual), como pagamento inicial. O Botafogo sinalizou com 2,5 milhões de euros (em torno de R$ 15,4 milhões).
O Botafogo entende que, tecnicamente, o jogador vale o alto investimento, e por isso insistiu com quatro ofertas ao clube russo – mesmo sabendo da dificuldade. A questão é que o modelo do negócio, com valor de quitação antecipada alto, pode ferir o fluxo de caixa do clube. Há outros times interessados, um do Brasil e outro da Itália.
Bitello mantém o desejo de voltar ao futebol brasileiro e, como parte da estratégia para conseguir a liberação, não se reapresentou ao Dínamo Moscou. O enrijecimento russo foi um fator preponderante para a decisão. Quando o atleta deixou o Grêmio rumo à Europa, ficou pré-acertado que, caso os conflitos entre Rússia e Ucrânia não cessassem, haveria uma flexibilização para liberar o atleta antes do fim do contrato. Seu contrato com o clube vai até meados de 2028.