Há 30 anos, Romário era eleito melhor do mundo: “Sempre será inesquecível”

Esportes

Por Isabela Reis, Mariana Sá e Rafael Bizarelo — Rio de Janeiro

Dia 30 de janeiro de 1995. Há 30 anos, pela primeira vez um brasileiro foi eleito o melhor jogador do mundo. Campeão da Copa do Mundo de 1994 com a Seleção, Romário foi o cara do tetracampeonato. Em entrevista ao ge, o Baixinho celebra o aniversário da conquista individual e exalta o melhor ano de sua carreira.

– Com certeza (foi o melhor ano da carreira). 1994 é um ano para mim que sempre será inesquecível. Um ano que marcou minha vida pela Copa do Mundo, pelo título de melhor do mundo, mas também jogando pelo Barcelona. Foi um ano muito especial – disse Romário.

O prêmio foi concedido pela Fifa com votos de 71 treinadores. Romário recebeu 346 pontos na votação, 246 a mais que o segundo colocado, Stoichkov, seu companheiro de Barcelona. O búlgaro, no mês anterior, havia vencido a Bola de Ouro da revista France Football, que passou a premiar não europeus apenas no ano seguinte. 

– Ganhar prêmio é muito importante. Eu tinha bastante consciência de que eu era o melhor, mas, se tratando do Stoichkov, com quem até hoje tenho uma amizade muito grande, eu fiquei menos p…. que o normal – afirmou Romário sobre a Bola de Ouro de 1994.

– Teve 2000, pelo Vasco, um ano em que fiz 73 gols em 74 jogos, fui melhor da América, melhor do Campeonato Brasileiro. Foram os melhores anos da minha carreira – disse quando perguntado se houve outro ano tão bom quanto 1994.

Revanche da Champions

Ganhar a Copa do Mundo como destaque da Seleção foi algo que deu a “chancela” para Romário ser o melhor, como ele mesmo afirma. Campeão espanhol com o Barcelona, o Baixinho bateu na trave na Champions League. O ex-jogador lembra a dolorosa derrota para o Milan na final da principal competição europeia.

– A temporada poderia ter sido melhor se a gente tivesse ganhado a final contra o Milan. A gente perdeu de 4 a 0. Nada deu certo. Foi uma quarta-feira, e a gente tinha sido campeão espanhol no sábado, então a galera estava meio que comemorando aquele jogo. A gente estava dependendo do La Coruña. O jogo estava empatado, depois o La Coruña, nos últimos minutos, teve um pênalti, e acabou não fazendo. Isso motivou bastante. Saímos campeões espanhóis já pensando na final contra o Milan, mas infelizmente nada deu certo e a gente tomou uma porrada bem doída.

Dois meses depois da derrota na final da Champions para o Milan, Romário encontrou rostos familiares na decisão da Copa do Mundo, contra a Itália. Maldini, Albertini, Donadoni e Massaro haviam derrotado o Barça em maio e defenderam a Azzurra na final da Copa em julho.

– Era a revanche que a gente tinha. A Seleção saiu do Brasil preparada para ser campeã do mundo. Eu tinha bastante consciência da responsabilidade daquela geração e da minha responsabilidade. Eu saí daqui do Brasil dizendo que eu seria o melhor e que, se não desse certo, seria culpa minha. Eu sou um maluco completamente. Não sei o que passou na minha cabeça para falar aquilo. Mas, por outro lado, eu tinha tanta certeza de que a gente seria campeão que eu me coloquei na frente daquele grupo e graças a Deus tudo deu certo.

– Sempre falei aquilo que eu entendia que eu podia entregar. Por mais que algumas coisas fossem muito difíceis, como a Copa do Mundo, por exemplo. Mas eu tinha comigo que a gente podia ser campeão, e foi o que aconteceu.

Liberado por Cruyff para o Carnaval?

Afinal, qual é a verdade sobre a história de Romário, Cruyff, os dois gols e a viagem para o Rio de Janeiro para curtir o Carnaval? Muitos já questionaram o conto, iniciado pelo treinador, com fatos que comprovam que as datas não batiam, mas a história seguiu sendo contada. Romário explica:

 As pessoas confundem com a época de Carnaval. Ele tinha dado quatro dias para todo mundo, e eu com quatro dias não conseguiria ir para o Brasil e voltar. A gente fez um acordo de que, se eu fizesse dois gols e o time estivesse ganhando, ele me daria mais quatro dias. Eu fiz os gols, saí correndo para o vestiário trocando de roupa. Ele ficou meio assim: “Pô, o que houve?”. “Já estou metendo o pé que já comprei a passagem”. Essa é a real história. É isso.

Para Romário, Johan Cruyff foi o melhor treinador que teve em sua carreira. Ao lado do holandês, apenas um nome é citado pelo craque: Joel Santana. 


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