MP desmente versão de suicídio em morte de militar em quartel

Notícia

Investigação aponta que Wenderson Nunes Otávio foi atingido por tiro dado por soldado

Paulo Moura

O Ministério Público Militar desmentiu a versão inicial de suicídio na morte do soldado Wenderson Nunes Otávio, baleado dentro de um alojamento militar no Rio de Janeiro. A conclusão é de que o disparo foi feito por Jonas Gomes Figueira, soldado do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista na época, que costumava manusear armas de forma irresponsável no interior do quartel.

Além dele, o terceiro-sargento Alessandro dos Reis Monteiro foi denunciado por negligência, por não fiscalizar a entrada da arma no alojamento — algo terminantemente proibido nas Forças Armadas.

Depoimentos colhidos na investigação desmontaram a versão oficial sustentada pelo comando do batalhão desde o dia 15 de janeiro, quando Wenderson foi encontrado morto com um tiro na cabeça. Militares relataram que Figueira frequentemente fazia “brincadeiras” perigosas com armas e que, no dia da tragédia, apontou uma pistola 9mm para Wenderson — acreditando que ela estava descarregada — e apertou o gatilho.

Logo após o disparo, os próprios soldados afirmam que o comandante Douglas Santos Leite reuniu a tropa e determinou: a versão oficial seria suicídio. Também proibiu qualquer tipo de contato com a família de Wenderson.

– Mesmo assim, a gente falou. Porque estava errado – revelou um dos militares, que foi ouvido pelo Fantástico, da TV Globo.

O Ministério Público ainda obteve mensagens que comprovaram a tentativa dos superiores de identificar quem prestou depoimento. Em entrevista, os pais manifestaram alívio em meio à dor por verem a verdade aparecer.

– Muito aliviado em saber que a Justiça está sendo feita e que os culpados sejam penalizados e responsabilizados pelo crime que eles fizeram com o meu filho – disse Adilson, pai de Wenderson.

– Claro que a dor não vai passar, mas estou aliviada em saber que a Justiça está sendo feita – reforçou Cristiana, mãe da vítima.

A defesa de Jonas Figueira afirmou, em nota, que encara a denúncia com tranquilidade, garante sua inocência e acredita que isso ficará provado no andamento do processo.

O coronel Douglas, citado diretamente nos depoimentos, informou que se manifestaria apenas por meio da assessoria do Exército. Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército declarou que todo o procedimento foi conduzido com rigor, dentro da legalidade, e que jamais teria sido repassada à família qualquer conclusão sobre a dinâmica dos fatos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *