Mês deve ser mais fresco que os anteriores, mas, ainda assim, há chance de recorde, em razão do aquecimento global e do El Niño, que causou calores anômalos em 2009 e 2015, por exemplo.
Por Gabriel Croquer, g1
Apesar de mais fresco que os meses imediatamente anteriores, dezembro de 2023 deve ter – assim como o restante do ano – temperaturas fora da curva, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A estimativa é que quase todo o país tenha uma temperatura para o mês um pouco acima do que é esperado (veja na imagem abaixo), inclusive com ondas de calor, como a prevista para começar nesta quinta-feira (14).
Essas temperaturas fora da curva são as chamadas de anomalias, que acontecem quando ficam acima ou abaixo do que é chamado de normal climatológica – um valor calculado com base nos dados de, pelo menos, 30 anos para determinar qual é o normal para aquele lugar em cada período do ano.
Ao longo do tempo, as temperaturas acima do previsto se tornaram mais comuns, em razão do aquecimento global, explica o meteorologista da Climatempo Fábio Luengo.
“Está ficando cada vez mais quente. Vale lembrar que a gente vem de cinco meses de calor, tanto no Brasil como no Mundo”, afirma o meteorologista da Climatempo Fábio Luengo.
Essa mudança é visível na animação acima, que mostra a evolução das temperaturas anômalas registradas nos meses de dezembro nos últimos 60 anos pelo Inmet.
Além do aquecimento global, outro fator a explicar as temperaturas anômalas no curto prazo é o El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico. Foi o que aconteceu nos anos de 2009 e 2015, por exemplo, como mostra a animação, que esse fenômeno se apresentou de forma mais intensa.
E como vai ser dezembro?
A previsão é que dezembro seja mais um mês com quase todo o Brasil registrando temperaturas acima do esperado. Veja na imagem abaixo a previsão do Inmet de onde deve houver temperaturas anômalas.
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Previsão de temperaturas anômalas em dezembro de 2023 — Foto: Reprodução/Inmet
Quinze estados e o Distrito Federal (DF) devem sentir os efeitos da onda de calor entre esta quinta (14) e o domingo (17), segundo o Inmet. A Climatempo, por sua vez, indica que essa onda deve atingir 7 estados e o DF, mas por um prazo maior – até a próxima quarta-feira (20).
No entanto, a onda de calor deve ser menos quente do que a que vimos em novembro, por ocorrer às vésperas do verão.
- 🔥 Em novembro, estávamos no meio da primavera, que é uma estação seca, com pouca chuva e nuvens. Sem nuvens para frear a passagem do calor do sol e sem umidade, as temperaturas ficaram mais altas.
- 🔥 Agora, nos aproximamos do verão. Com isso, temos mais umidade, mais nuvens, o que faz com que o calor não seja tão intenso como o que vimos antes.
Ainda assim, segundo Fábio Luengo, da Climatempo, há chance de que dezembro de 2023 registre mais um recorde de temperatura.
Caso isso aconteça, será o 6º mês a bater o recorde em 2023, junto a julho, agosto, setembro, outubro e novembro, que já estão entre os meses mais quentes medidos desde 1961.
Veja, no infográfico abaixo, as temperaturas fora da curva registradas mês a mês em 2023, até novembro.