LARISSA AZEVEDO
DA REDAÇÃO – MidiaNews
Usuários do Terminal de Ônibus do CPA 3 estão sofrendo com a situação precária da estrutura improvisada fixada em uma rua lateral enquanto o prédio está em reforma. Eles foram realocados há cerca seis meses, e reclamam da falta de comodidade e organização.
A reportagem esteve no local e constatou que os oito abrigos disponíveis são insuficiente para atender todas as 40 mil pessoas que passam por ali diariamente, principalmente nos horários de pico. O problema se intenficou com as chuvas e o acúmulo de lixo, já que a coleta tem sido irregular nas últimas semanas, atraindo moscas e outros animais para perto dos passageiros.
“O povo fica jogado na rua, de qualquer jeito. Um dia desses tinha uma mulher com criança de colo tomando chuva”, relatou um usuário, exaltado.
“Aqui quando chove a gente tem que subir em cima do ponto pra não molhar porque alaga. Mas aí, quando a outra pessoa vai sentar não tem como, porque [o banco] está todo sujo”, reclamou outra. “Está uma dificuldade, uma confusão”, reclamou uma passageira, citando a falta de informação sobre as linhas.
Os principais problemas da estrutura provisória estão na falta de abrigos, de banheiros e de acessibilidade para as cadeirantes, já que não há uma plataforma elevada. Além disso, a sinalização ruim nos locais de embarque e desembarque confunde os usuários.
O terminal recebe 16 linhas e, apesar de haver placas coladas nos pontos em papel sulfite, nem todo mundo percebe ser uma sinalização de ônibus.
Já os motoristas dos coletivos também notam a dificuldade dos passageiros em saber em qual ponto o veiculo deve parar. Eles percebem a necessidade de um método mais eficaz de informação, principalmente por conta daqueles que não têm muita familiaridade com o terminal.
Além disso, os motoristas que estacionam no horário de intervalo também precisam se espalhar pelos canteiros, já que não há lugares suficientes para o descanso. “Fica desconfortável para os passageiros e para nós motoristas também”, afirmou um deles.
Outro grupo afetado é o de ambulantes. “Lá dentro [do terminal] era muito mais tranquilo para vender. Por exemplo: o pessoal ficava andando enquanto esperava o ônibus ou a chuva passar e acabava comprando. Aqui não. E se der chuva com vento, todo o produto molha. Um dia desses, depois da chuva, ficou tudo jogado no meio do asfalto. E tive que jogar fora”, explicou um ambulante que vende comida.
Somado a isso, eles ainda não sabem se vão poder atuar dentro da nova estrutura, que conta com espaço para duas lanchonetes, que devem passar por um processo de concessão.
A obra que fechou o Terminal do CPA 3 começou em julho do ano passado, mas teve o recursos bloqueados na atual gestão, que decidiu analisar os contratos firmados na administração Emanuel Pinheiro (MDB).
Mais da metade da mão de obra que atuava no local foi desvinculada da reforma há mais de uma semana por falta de pagamento, e as partes finais como o forro, o sistema elétrico e o acabamento ainda estão por fazer.
Apesar disso, a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) garante que a obra está em andamento, com 80% da estrutura concluída. “A administração municipal está atualmente avaliando os contratos vigentes relacionados à execução do projeto para garantir a continuidade e a finalização da obra”, informou a Secretaria em nota.
Enquanto isso, a população sofre. Pedro Aquino, presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo do Mato Grosso (Assut), afirmou que mais de mil reclamações já foram feitas à entidade, fato que levou representantes a uma visita no local.
Após a vistoria, a Assut entrou em contato com a Prefeitura e marcou uma reunião nesta semana, a fim de discutir as possíveis soluções.
“Essa reforma do Terminal já está acontecendo há mais de três anos, e em julho do ano passado fechou completamente, deixando o pessoal em alguns pontos sob chuva e sol. E quando fechou, foi falado que ia reformar com prazo de 60 dias. E depois prorrogou”, reclamou Aquino.
“Nós também queremos discutir com o prefeito em relação ao contrato de concessão do transporte público. Porque quem tem que reformar, limpar, tomar conta dos terminais é a concessionária, as empresas representadas pela MTU. E a Prefeitura está fazendo isso com que dinheiro? Por que a Prefeitura está pagando? É um encontro de contas? Cadê o relatório? Tem que mostrar isso para a sociedade, para os usuários, para a gente entender”, afirmou.
A MTU atualmente tem cinco empresas associadas: a Caribus Transportes, a União Transportes, a Rápido Cuiabá, a VPAR Transportes e a Integração Transportes.
A Assut afirmou também que programou uma reunião para fevereiro com o Ministério Público Estadual, a Defensoria Pública, a Prefeitura e a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsec), a fim de discutir o cenário atual do transporte público e terminais.
Em relação à estrutura atual disponível, a Semob afirmou, em nota, que “a equipe responsável realizará uma reavaliação do local para verificar a necessidade de implantar novos abrigos, com o objetivo de atender à demanda e garantir maior conforto aos usuários durante a fase de obras”.